Quando Jader Barbalho Filho, ministro das Cidades subiu ao palco no Incorpora 2025São Paulo e anunciou que a Caixa Econômica Federal vai financiar até 80% do valor da casa própria – um salto de 70% que surpreendeu o setor. O detalhe mais chamativo? O teto do financiamento habitacional sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. O anúncio oficial veio um dia depois, na manhã de 10 de outubro de 2025, com a assinatura do Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, ao lado do presidente da Caixa.
Desde a década de 1990, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) direciona 65% dos depósitos da caderneta de poupança para crédito imobiliário. Essa regra, criada para garantir fluxo de recursos ao setor, tem sido alvo de críticas porque restringe a flexibilidade dos bancos. Em 2020, o governo já sinalizava a necessidade de modernizar o modelo, mas somente agora chegou a hora da mudança definitiva.
As alterações, que entram em vigor plena a partir de janeiro de 2027, seguem um cronograma de transição:
Com a redução obrigatória dos depósitos compulsórios, os 5% restantes serão direcionados ao novo regime habitacional, reforçando o papel da poupança como motor de crédito.
O presidente da Caixa, João Alcides Lima, afirmou que a medida "representa um marco para a casa própria no país" e que a instituição está pronta para ampliar a oferta de crédito. Por outro lado, o presidente da Associação Brasileira das Câmaras Hipotecárias (ABCH), Carlos Mestre, alertou que a taxa de 12% ao ano ainda pode ser um obstáculo para famílias de baixa renda.
Do lado dos construtores, a diretora‐executiva da MRV Engenharia, Camila Portela, comemorou a maior capacidade de financiamento, mas pediu que o governo também avance nas obras de infraestrutura nas grandes cidades, pois sem saneamento e mobilidade, o novo crédito pode ficar “preso” em áreas sem suporte.
Segundo o economista do IPEA, Fernando Oliveira, a expansão da poupança como fonte de crédito pode elevar o volume de novos financiamentos em até 30% nos próximos dois anos. O efeito colateral, porém, será um aumento da dívida das famílias, exigindo um acompanhamento rigoroso da inadimplência.
Já a pesquisadora da USP, Ana Lúcia Santos, destaca que o aumento do teto para R$ 2,25 milhões abre portas para compradores de classe média alta que antes eram excluídos do SFH, facilitando a compra de unidades em condomínios com mais amenities.
O caminho até a implementação total inclui três marcos:
Enquanto isso, o Ministério das Cidades promete acompanhar de perto a taxa de inadimplência e ajustar a política, se necessário, para evitar bolhas especulativas.
Em síntese, a mudança traz esperança para quem sonha com a casa própria, mas também demanda cautela dos agentes financeiros. O sucesso dependerá da capacidade de equilibrar crédito barato, controle da dívida e investimentos em infraestrutura.
Com o financiamento podendo cobrir até 80% do valor e o teto ampliado para R$ 2,25 milhões, quem entra no mercado pela primeira vez tem mais margem para escolher um imóvel que antes ficava fora do alcance do SFH. No entanto, a taxa de 12% ao ano ainda exige planejamento financeiro cuidadoso.
A diminuição de 20% para 15% libera recursos que antes ficavam “parados” no Banco Central. Esses 5% adicionais podem ser direcionados ao financiamento habitacional, potencializando a oferta de crédito sem aumentar a carga sobre os depositantes.
O principal risco é o aumento da dívida familiar, sobretudo se a inflação de serviços subir e corroer a renda disponível. O governo e os bancos prometem monitorar de perto os índices de atraso para ajustar as condições de crédito caso o cenário piore.
A maior capacidade de financiamento deve estimular a demanda por novas unidades, especialmente nas regiões metropolitanas onde o teto de R$ 2,25 milhões cobre imóveis de padrão médio-alto. As incorporadoras já sinalizam que vão acelerar projetos em áreas com infraestrutura pronta.
A fase de transição começa imediatamente, com as mudanças completas previstas para janeiro de 2027, quando o percentual de financiamento de 80% e o novo teto de R$ 2,25 milhões serão aplicados de forma integral.
Heitor Martins
outubro 12, 2025 AT 02:44Olha aí a Caixa brincando de 'pode tudo', né? Agora 80% do imóvel, parece que a gente vai ter que colocar a casa inteira no bolso da gente. Mas vamo que vamo, quem não curte um desafio? A taxa de 12% ainda tá ali, mas pelo menos o teto subiu, então dá pra sonhar com um apê maior. Só não esquece de guardar a grana pra pagar a próxima parcela, porque o sonho não vem barato. No fim das contas, é ter esperança e não desistir, né não?