No dia 30 de outubro de 2024, as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes finalmente chegaram ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na expectativa de que a justiça será feita no caso que chocou o país há quase sete anos. Marielle, uma ex-vereadora e ativista dos direitos humanos, e Anderson, seu motorista, foram brutalmente assassinados em 14 de março de 2018, um crime que não apenas tirou vidas, mas abalou as estruturas sociais, deixando uma ferida aberta na cidade e no país.
Desde então, as famílias desses dois cidadãos têm lutado incansavelmente para que as vozes silenciadas de Marielle e Anderson não fiquem impunes. Sua busca por justiça se transformou em um símbolo internacional de resistência contra a violência e a impunidade estatal. Nesse dia tão aguardado, Marinete, mãe de Marielle, e Luyara, sua filha, usaram camisetas com a inscrição "Justiça para Marielle e Anderson", enquanto atravessavam a multidão que as saudava com flores e palavras de apoio. Essa demonstração de solidariedade e empatia reflete o impacto profundo que suas mortes tiveram na consciência coletiva da população.
Na mesma manhã, um protesto organizado pelo Instituto Marielle Franco lembrou ao mundo por que a justiça para esse caso é tão crucial. Participaram mães de vítimas da violência policial e diversos movimentos sociais de regiões historicamente negligenciadas, como Complexo do Alemão, Acari, e Maré. Esses protestos não foram apenas um grito por justiça pelos assassinatos de Marielle e Anderson, mas uma manifestação contra um sistema que há décadas falha em proteger os direitos básicos e a dignidade de seus cidadãos mais vulneráveis.
A manifestação foi marcada pelo simbolismo dos girassóis, que se tornaram um ícone de esperança e resistência. Com cartazes exigindo punição para os responsáveis, os manifestantes reafirmaram a importância de não deixar que a memória de Marielle e Anderson se perca, pressionando por uma mudança real e tangível.
No tribunal, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) busca a pena máxima de 84 anos para cada um dos acusados: Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz. Encarar os supostos assassinos não é apenas uma busca por justiça para as famílias, mas para todas as vítimas de violência estadual sistemática. Sete jurados do Conselho de Sentença têm o dever crucial de decidir sobre a culpa ou inocência dos réus, que já estão presos desde março de 2019.
É um momento de extrema tensão e importância, não apenas para os envolvidos, mas para o precedente que estabelece em termos de responsabilização e justiça social. A fala de Anielle Franco, irmã de Marielle e Ministra da Igualdade Racial, ecoou um sentimento ressonante ao enfatizar a necessidade de justiça. Segundo ela, "são quase sete anos de muita dor e vazio, de uma mulher que lutava exatamente contra isso e foi assassinada do jeito que foi".
O julgamento não é apenas sobre obter justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes, mas sobre o que suas mortes representam na luta mais ampla pela justiça e contra a violência no Brasil. É um chamado à ação para derrubar as estruturas que permitem que crimes como este passem despercebidos e sem punição, colocando em xeque a integridade das instituições responsáveis por proteger os cidadãos.
Este caso particular tornou-se um catalisador para um movimento mais amplo, pressionando por reformas e accountability dentro das forças policiais e do sistema de justiça do Brasil. A visibilidade internacional do caso de Marielle trouxe uma atenção renovada à necessidade urgente de reformas, algo que cidadãos e ativistas esperam que leva a um ambiente mais seguro e justo para todos.
Independentemente do resultado do julgamento, o caso de Marielle Franco e Anderson Gomes continuará a ressoar como um chamado poderoso à reforma social e política. A busca por justiça é apenas um passo em um caminho longo e repleto de desafios contra a violência institucional e a discriminação sistêmica. Mas com cada avanço, as comunidades ameaçadas ganham força e esperança, impulsionadas pelo legado de quem já se foi, mas vive em cada ação e palavra daqueles que por elas lutam. Cada ato de solidariedade e protesto é um lembrete constante de que nenhuma ação violenta pode apagar a vontade coletiva de mudança.