Na noite de sexta-feira, 11 de outubro, uma poderosa tempestade atingiu a região da Grande São Paulo, deixando um rastro de destruição e um enorme apagão. Este evento climático atípico afetou diretamente mais de 2,1 milhões de clientes da Enel Distribuição São Paulo, que ficaram sem eletricidade. A situação permanece crítica, com 1,6 milhão de pessoas ainda no escuro até o dia seguinte. A cidade de São Paulo sofreu o impacto mais significativo, com 960 mil usuários ainda esperando pela restauração da energia.
Os ventos foram implacáveis, alcançando rajadas de até 107,6 km/h, causando danos severos à infraestrutura elétrica. Árvores caíram sobre fios de alta tensão, e postes foram arrancados do solo, agravando a extensão dos danos. A Enel anunciou que extensas partes da rede elétrica necessitam ser reconstruídas, envolvendo a substituição de postes, transformadores e outros equipamentos vitais para a restauração dos serviços.
A Enel acionou rapidamente seu plano de emergência, destacando 800 equipes, totalizando 1.600 profissionais qualificados para o campo. Além disso, a companhia projeta mobilizar até 2.500 técnicos ao longo do dia para agilizar os reparos. No entanto, a complexidade das intervenções, combinada com o estado crítico da rede danificada, desafia qualquer previsão precisa sobre quando os serviços serão totalmente restabelecidos. A Enel, portanto, evita criar falsas expectativas quanto a um prazo exato.
Guilherme Lencastre, presidente da Enel Distribuição São Paulo, descreveu a tempestade como um evento sem precedentes nos últimos anos, sendo considerada a mais forte desde 1995. Cerca de 20% da base de clientes da Enel foi significativamente afetada, destacando a magnitude do desafio enfrentado pela companhia. Lencastre revelou que equipes de estados como Rio de Janeiro e Ceará foram convocadas para acelerar os reparos, além de fornecer 500 geradores a hospitais e outros estabelecimentos críticos, sem energia por mais de 17 horas.
A ausência de eletricidade não se limita à iluminação. Afetou também a distribuição de água em várias regiões da Grande São Paulo. A Sabesp relatou que 16 estações elevatórias tiveram suas operações interrompidas devido à queda de energia, afetando áreas como São Bernardo do Campo, São Caetano, Santo André, e Cotia. Além disso, o serviço de trens da ViaMobilidade, particularmente a Linha 9-Esmeralda, registrou atrasos, prejudicando milhares de usuários que dependem do transporte público.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, expressou insatisfação com a demora na resposta da Enel, atribuindo parte do problema a falhas em 17 subestações fora da cidade. Ele destacou ainda que, embora 40% das árvores caídas já tenham sido removidas, os trabalhos de limpeza dos 60% restantes são prejudicados pela necessidade de desligamentos seguros da Enel para não comprometer a segurança dos trabalhadores. Nunes entrou em contato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e o presidente Sandoval Feitosa Neto pode até mesmo considerar penalizar a Enel caso fique comprovada negligência.
Enquanto isso, a população afetada demonstra resiliência e solidariedade mútuas. Em bairros onde a eletricidade já foi restaurada, moradores oferecem suporte aos vizinhos que ainda enfrentam dificuldades. Esta situação tornou evidente a fragilidade do sistema elétrico frente a eventos extremos, reabrindo o debate sobre a necessidade de investimento em infraestruturas mais robustas e resilientes às mudanças climáticas em curso.
A tempestade na Grande São Paulo é uma amostra das crescentes pressões climáticas em áreas urbanas densamente povoadas, destacando a importância de um planejamento urbano e ambiental que considere a mitigação e adaptação aos fenômenos naturais. A questão agora demanda uma resposta coordenada entre autoridades, companhias de energia e a sociedade para evitar que cenas desse tipo se repitam no futuro, garantindo um sistema elétrico seguro, eficiente e sustentável para todos.